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População vai às ruas em São Tomé e Príncipe para exigir solução imediata para crise de luz e água

A crise de energia e água em São Tomé e Príncipe continua a gerar grande insatisfação entre a população. Esta sexta-feira, um grupo de cidadãos realizou uma manifestação pacífica para exigir respostas e soluções. 


Apesar da autorização da Câmara Distrital de Água Grande, o protesto foi marcado por fraca adesão e uma presença policial considerada “excessiva” pelos organizadores.


No local onde deveria arrancar a manifestação, o ambiente era de incerteza. Ruas bloqueadas, barreiras policiais e cidadãos dispersos à volta da Praça, sem saberem ao certo o que passa

 

“O objetivo é claro: o país está mal. A energia está mal há meses. Não há regularidade. No meu caso, sou mãe de cinco filhos. As pequenas economias que fazemos estragam-se todas por falta de luz. As crianças ficam na escuridão num país já com tanta violência. Também não temos água. Eu estou aqui porque quero melhoria.” Danila Barroza  uma das organizadoras

 

Ao observar o forte dispositivo policial, Danila admite que a própria manifestação ficou comprometida:

 

“Se é uma manifestação, tem que permitir saídas e passagens. Fecharam todos os sítios. Isso impossibilita a manifestação. Mas nós comunicámos à Câmara e à Polícia. Houve autorização.”

 

Também organizador, Arthur Valerio reforçou que a baixa adesão deve-se principalmente ao ambiente de tensão criado no local:

 

“Houve falha na comunicação, sim. Mas o maior problema é o medo. Há autorização da Câmara, mas com tanta polícia, as pessoas ficam retraídas. Muitos estão aqui, mas ficam espalhados.”

 

Sobre o bloqueio das vias, Arthur foi categórico:

 

“Temos autorização. Por que temos que pedir outra? Estamos em que país? Um país de várias autorizações? Se já nos deram uma, por que pedir segunda?” Arthur Valerio

 

O manifestante criticou ainda o impacto económico da crise energética:

 

“Hoje ninguém pode comprar carne ou peixe para o mês. Estraga tudo na arca. E ainda por cima estamos a pagar a fatura a dobrar. Isso é mentira que venha de eletrodoméstico. São faturadas. Se é manifestação pacífica, bastavam 10 polícias. Aqui há mais de 30. Até eles sofrem com isso. Só os dirigentes com geradores é que não.”



 

A manifestação terminou de forma pacífica, mas também sem avanços concretos. Os organizadores garantem que, se a situação da energia e da água continuar sem melhorias, novas ações poderão ser convocadas.