O projeto LittleFish STP, desenvolvido em São Tomé e Príncipe, chega ao fim após anos de pesquisa e envolvimento comunitário.
O foco principal foi o peixinho, uma espécie local cujo número tem diminuído ao longo dos anos.
“Para já descobrimos e confirmamos que é um bebê, não um adulto. Pelo que a população nos diz e o que temos verificado no terreno, o peixinho tem estado a diminuir ao longo dos anos”
explica Vânia Batista, investigadora do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve.

A investigação não se limitou ao estudo biológico. Os cientistas identificaram vários fatores que afetam a espécie, incluindo práticas de pesca, poluição dos rios e alterações climáticas.
“Temos que fazer uma boa gestão das pescas, falar com as comunidades locais para que não lavem com produtos tóxicos nos rios e tentar minimizar impactos na zona costeira”, acrescenta a investigadora.
O encerramento do projeto é marcado por workshops e formações, voltados tanto para comunidades locais quanto para estudantes e técnicos. O objetivo é oferecer alternativas de rendimento, diminuindo a pressão sobre a pesca do peixinho sem proibi-la totalmente.

O maior desafio do projeto, segundo Vânia Batista, foi superar limitações de recursos e dificuldades logísticas, mas a colaboração com as comunidades locais permitiu superar obstáculos.
“Criámos laços de amizade com as comunidades locais, e isso foi o grande sucesso deste projeto”,
O projeto terá continuidade com a iniciativa FindingHome, que pretende estudar a fase em que o peixinho passa no mar e contribuir para a gestão sustentável dos recursos marinhos e a qualidade de vida das comunidades.
O workshop de encerramento do projeto Legal Fish, promovido em paralelo, reforçou esta mensagem de cooperação.
“É um espaço de partilha, reflexão e projeção para o futuro. Reunimos investigadores, estudantes, membros de comunidades locais e representantes institucionais com um objetivo comum: fomentar o diálogo e reforçar os laços entre ciência, comunidade e desenvolvimento sustentável”,

O encontro sublinha a importância da interdisciplinaridade e do conhecimento local, mostrando como ciência e práticas tradicionais podem caminhar lado a lado em busca de soluções sustentáveis.
Texto: Varela Tavares
Imagem: Cortesia TVS