Segundo informações recolhidas no local, o agente foi levado ao tribunal pelo seu superior hierárquico, trajando o uniforme da corporação, apesar das normas exigirem que qualquer cidadão, incluindo militares e forças de segurança, se apresente em trajes civis quando responde a processos de natureza comum.
“É algo inadmissível. Mesmo sendo agente, o indivíduo devia apresentar-se civilmente para ser ouvido. Nenhum cidadão está acima da lei.” António de Carvalho | Funcionário Judicial e Presidente Fiscal do Sindicato

O desentendimento começou quando os funcionários exigiram que o detido retirasse a farda para ser ouvido pela juíza. A recusa gerou um tumulto no interior do tribunal, levando à intervenção da polícia e de magistrados para acalmar os ânimos.
“O superior não aceitou. Deu ordem ao detido para sair, e ele saiu a correr. Depois disso, houve confusão entre os funcionários e os agentes. A verdade é que estão a usar a farda como forma de escapar à justiça.”
Os ânimos estalados da dos agentes da UPDE também refletiu-se sobre órgãos de comunicação social presentes para a cobertura. O jornalista da RSTP Josimar Afonso viu o seu equipamento de trabalho ser apreendido (telemovél) por um dos agentes envolvidos.
Matéria relacionada: TENSÃO NO TRIBUNAL LEVANTA ALERTA SOBRE LIBERDADE DE IMPRENSA EM STP
Depois largos minutos de tenção que contou com a solidariedade dos profissionais da comunicação social (GLEBA TV, TVS) a favor do colega o referido equipamento apreendido foi devolvido ao dono.

O
funcionário judicial explicou ainda que o agente é suspeito de violência
doméstica, um crime que, segundo a lei, deve ser tratado com firmeza e sem
qualquer distinção entre civis e militares.
“Ele está indiciado de violência doméstica. Mesmo sendo um agente, deve responder como um cidadão comum. A lei é clara: ninguém está acima da lei.”
De acordo
com António de Carvalho, casos semelhantes já ocorreram no passado, levantando
preocupações sobre a interferência das forças uniformizadas nas decisões
judiciais.
“Não é a primeira vez. Já houve situações em que agentes do UPDE intimidaram funcionários, sabotaram bens e até agrediram colegas. Isso está a tornar-se uma prática preocupante.”

E quanto ao arguido ficou sobre termo de identidade e residência devendo apresentar-se no Tribunal novamente nos próximos dias para os devidos efeitos.
IMAGEM | SICLAY ABRIL / GENISVALDO COSTA
JORNALISTA | VARELA TAVARES
SUPERVISÃO | EDNEL ABREU